Novas diretrizes estimulam a modernização dos currículos de engenharias no país, avalia CNI

Confederação Nacional da Indústria (CNI) considera que mudanças nos currículos dos cursos de Engenharia são fundamentais para o fortalecimento da indústria e da agenda de inovação no país. As novas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Engenharia foram aprovadas nesta quarta-feira (23) pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). O texto, que seguirá para a homologação do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, contempla grande parte das sugestões encaminhadas pela CNI em parceria com a Associação Brasileira de Educação em Engenharia (Abenge).

As propostas da indústria foram elaboradas no contexto da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), grupo coordenado pela CNI que reúne CEOs e líderes de mais de 300 empresas. Desde a sua criação em 2008, a MEI elencou como uma de suas prioridades o fortalecimento e a modernização das engenharias. “É urgente a reformulação dos cursos para formarmos engenheiros com habilidades e capacidades mais convergentes com as transformações digitais”, afirma a diretora de Inovação da CNI, Gianna Sagazio. Segundo ela, profissionais mais qualificados são imprescindíveis para acompanhar a inevitável evolução do setor industrial, que, em poucos anos, terá como realidade a Indústria 4.0.

Na avaliação da CNI, as novas diretrizes avançam em direção a um ensino mais moderno e conectado com as transformações que tecnologias, como a inteligência artificial e a internet das coisas, vêm promovendo na realidade industrial. O objetivo é que o Brasil forme engenheiros preparados para desenvolver produtos mais competitivos nos mercados nacional e internacional.

PROPOSTAS – Entre as propostas aprovadas pelo CNE está a formação por competências, com foco no desenvolvimento do aluno e na educação mais prática e próxima do ambiente profissional, por meio do ensino baseado em projetos e da adoção de tecnologias digitais em sala de aula. As novas diretrizes estimulam a interação entre centros de ensino e organizações externas que extrapolem o estágio, com o desenvolvimento de atividades e projetos de interesse comum. O texto também contempla um tópico que estabelece o detalhamento do projeto pedagógico pelas instituições de ensino, listando as ações previstas para o alcance das competências.

Do lado do aluno, as diretrizes definem a criação de programas de acolhimento que deem suporte a estudantes que, eventualmente, estejam em defasagem pedagógica. O objetivo é diminuir a evasão, que é próxima de 50% no Brasil. Já do lado do professor, foi aceita a sugestão de valorização do trabalho docente e de atividades de capacitação.

O Grupo de Trabalho das Engenharias foi criado pela MEI em 2016, sob a coordenação do vice-presidente de Tecnologia da Embraer, Mauro Kern. O GT conta com a participação de representantes das empresas Festo, Dassault, Akaer, Vale, Braskem, Arcelor Mital, das instituições de ensino Insper, FEI, INATEL, Senai-Cimatec, USP, ITA, FIAP, Mackenzie, dos Institutos Euvaldo Lodi (IEL) e de Engenharia, do CREA-SP, da Embrapii, e das autoridades de governo, CNE e Secretaria de Educação Superior, que participam da MEI.

PRÓXIMOS PASSOS – Por mais de um ano, o grupo trabalhou na elaboração do texto, entregue ao CNE em março de 2017, visando à melhoria da formação dos engenheiros que atuarão nas empresas e estimular a relação entre universidades e o setor produtivo. Os próximos passos da agenda do GT são o aprimoramento do sistema de avaliação dos cursos de Engenharia, bem como a apuração e divulgação de iniciativas inovadoras de instituições de ensino que priorizem, por exemplo, o desenvolvimento de projetos a partir de demandas empresariais.